Mãe,
Hoje eu vim aqui desabafar um pouco com você. Todo mundo fala que a melhor
amiga que uma pessoa pode ter é a mãe... eu demorei muito a acreditar nisso
porque li alguma coisa que dizia: “pais não foram feitos pra ser amigos, mas
pra ser pais...” vi, então que todas as vezes que a gente conversava, você me criticava,
me dava bronca, me castigava e, dependendo da gravidade, até me dava umas
palmadas... Mas também, cantava pra eu dormir, se balançava na rede e me
contava histórias, sarava minhas feridas das quedas, enxugava minhas lágrimas e
me falava de Jesus...
Aí
eu tive que crescer...
Lembro que teve uma época da minha vida que eu
me irritava até com a sua voz! Comecei a ser agressivo...
Com
o passar do tempo, vi que a gente não conversava mais, eu não queria ouvir, eu
achava que já sabia de tudo! Me afastei e achava que era você... eu preferia conversar com outras pessoas, elas
sim, me entendiam, e tinham tudo a ver comigo!
Lembro
que muitas vezes, ao voltar pra casa, você ainda acordada, dizia:” Chegou?
Graças a Deus!”
E
com aquela frase eu sabia que você orara por mim e que estava só esperando
resposta da sua oração! E bastava isso pra eu dormir sossegado, seguro,
tranquilo! Sempre soube que oração de mãe é poderosa, por isso aquela frase:”
mamãe, ore por mim...”
Resolvi
viver a minha vida longe de você, quem sabe assim, você pararia de se preocupar
comigo!
Que
ilusão! Uma mãe jamais vai deixar de se preocupar com um filho... Com o tempo
me vi sozinho, meu mundo foi ficando pequeno, Tal qual o filho pródigo, fui me
dando conta de que eu não era tão feliz assim... logo eu precisei voltar! Mas,
que nada, eu tinha a minha dignidade, jamais admitiria que sentissem dó de
mim...
Mãe,
você deve ter sofrido horrores com a minha partida! Como os filhos são
ingratos, muitas vezes, não é?
Tempos
depois eu comecei a sentir falta até das suas broncas, castigos e palmadas...
O mais interessante de tudo, é que, mesmo
afastado, um filho não esquece o que sua mãe o ensinou...
Na
hora dos convites para as paradas erradas, na hora de tomar uma decisão, quando
se mete em enrascada, quando tem uma boa notícia... é aí que se lembram da
mãe...
Ah,
mamãe, você sempre me dizia que quando eu crescesse, amadurecesse, eu
entenderia sua preocupação...
E
eu cresci... agora entendo cada bronca, cada castigo e cada palmada...
Tenho
que reconhecer a verdade contida nas palavras do versículo de provérbios 22.6:”
Ensina a criança o caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se
desviará dele”
Hoje,
adulto, quero te dizer que gostaria de
poder ter teu colo mais uma vez, mãe, pra falar que quero ensinar aos meus
filhos o quanto é bom seguir os ensinamentos dos pais, os conselhos sábios da
mãe...
Só
agora entendo que os pais podem ajudar os filhos a serem bons, mas não podem
ser bons por eles, podem ensiná-los a opção correta, mas não podem escolher por
eles, podem orientá-los a fazerem o que é certo, mas jamais poderão decedir por
eles...
Aprendi
à duras penas, quão cruel é a vida longe de Deus... e por isso estou aqui, para
te dizer que levarei comigo o orgulho de ter sido ensinado por você, pra te
dizer que admiro a sua conduta, sua postura e quero sempre seguir os seus
passos. Só tenho a agradecer a Deus por ter me dado a oportunidade de, hoje,
antes que lacrem esse invólucro e te levem daqui pra sempre, sepultura a dentro, dizer o quanto vou te amar, por toda
vida!
Sandra.